quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu queria, então, finalmente

um post alegre e descontraído, sobre teatro ou algum circo. Mas até o desocontraído, quando a alma fica presa em questões, sai um tanto... Irônico, não é?


O que me fez lembrar uma das melhores falas que eu já vi em filme, dita por Rorschach.

Blake understood. Humans are savage in nature. No matter how much you try to dress it up, to disguise it. Blake saw society's true face. Chose to be a parody of it, a joke. 


E então, o que me faz chorar toda santa vez:


I heard a joke once. Man goes to doctor, says he's depressed. Life seems harsh and cruel. Says he feels all alone in a threatening world. Doctor says "Treatment is simple. The great clown, Pagliacci, is in town. Go see him. That should pick you up". Man bursts into tears. "But doctor", he says, "I am Pagliacci." Good joke. Everybody laughs. Roll on snare drum. Curtains.


Watchmen - Alan Moore.

O ponto aqui é só a primeira parte, apesar da última fazer o meu coração em frangalhos, enquanto a primeira só me arranca um suspiro revoltado.

Vou pular pro que vem me perseguindo em mente, e no final comento sobre O Comediante.

Hoje, ou ontem, ou durante alguns dos delírios recentes por causa da minha pré-sinusite, me veio a frase feita, em tom revoltado, que de boca fechada ouvi minha voz gritar: "O mundo seria perfeito se as pessoas se respeitassem completamente!"
E não seria? Primeiro vieram as afirmações óbvias, é claro,
"Se todo mundo fizesse aos outros apenas o que faria a si mesmo, o mundo estaria lindo e feliz!"

Tirando as exceções, é claro, tipo os que se drogam, os que fumam, os que cometem suicídio... E ai pensei: Olha a ideia indo por água a baixo... Mas será que as pessoas se drogariam, se matariam, se fossem respeitadas? Se vivessem num ambiente justo e feliz?

E isso é possível, realmente??

Então cheguei na parte do suspira, que é aquela do Pois é, o mundo não é assim, e você não vai viver pra vê-lo assim, Roberta. E você é uma das poucas pessoas que vive assim. Conforme-se. Você vai levar as pedras na cabeça, sempre, de todo mundo. Porque a maioria nem vai ver o que está fazendo. Você vai tentar mostrar pra eles como é ruim ouvir alguém que mal te conhecer falar asneira de você, e eles não vão perceber, e vão continuar com a vidinha medíocre que precisa te diminuir pra ser feliz. Não que isso importe, você sabe do que é feita, e costumava ser engraçado ver te julgarem tão errado. 


Ainda é, sim, só que um pouco mais... triste. De a ver a limitação humana, se acham tão únicos e esquecem que o mundo tem BILHÕOOOES de pessoas. Não tem como só você gostar daquela banda, não tem como só você ser fã de verdade daquela série de livros... E, o mais assustador, deve ter mais umas mil pessoas com os mesmos gostos que você. É o meio. O meio influência muito, demais. Cada um se adequa de um jeito. Eu mesma tenho provas conhecidas. Luísa Granato, quase não acrescentávamos nada uma a outra, porque gostávamos das mesmas coisas. Então comprávamos livros diferentes e indicávamos os bons uma pra outra, que era certeira a aprovação. Mas enfim. Pode acreditar em algo, gostos não definem nada, somos tremendamente diferentes.

Até mesmo Luísa e eu.


Você, Roberta, vai virar o mundo do avesso e acabar com a gravidade para que nunca mais faça alguém chorar pelo mesmo motivo, enquanto os mesmos pelo qual você se desdobrou vão te bater de novo e de novo com o mesmo soco, sem perceber. E se perceberem? Tá. Mas não pense que vai deixar de apanhar de novo, mesmo que te jurem o mundo.


Você, e só você, faz esse tipo de coisa. Matar a gravidade? Por um motivinho besta e sem sentido? Pff. Dane-se como você se sente sobre isso! Supere, fortona.


Aliás, dizer que é só você também é muito negativismo e egocentrismo. Tem outros por aí sim, Roberta. E você sabe. E você ri e pensa "Pobre alma, mais um como eu.", e faz do mundo o avesso, só pra saberem como é, uma vez na vida, alguém fazer por eles o que só eles fazem pelos outros. Só não troca palavras sobre, esse tipo de conversa é complexa demais pra sair do pensamento. Então você arrisca o papel, que vira documento do word e... Posta. É isso que você faz, não é com o objetivo de outros lerem, não é na tentativa de impressionar alguém...


Até porque, as vezes, você preferiria não ser assim. Porque você não pode ser... normal? Por que não pode se importar somente com você mesma, porque se abala até com aqueles que não conhece? Porque tenta, tantas vezes, antes de desistir? E "desistir", porque se tivesse desistido mesmo, ainda não sofreria.

E aqui chegamos no Comediante, Blake. Se eu não fosse isso que sou, seria algo muito próximo dele. Quem sabe ainda não chego nesse estágio, não é. Mas eu queria... evitar isso. Por mais que muitas vezes deseje ser mais comum, não conseguiria esquecer a verdadeira face da sociedade, me tornaria... Algo mais triste do que já sou. Ainda tenho a capacidade de ser feliz, ainda consigo isso, sozinha... e com você.

Quando é que vamos esquecer o mundo, juntos?

E só um recado, pra vocês que mal se vêem no espelho, e estão sempre tentando colocar o mundo dos outros abaixo, vocês que mal vêem o que está esfregado no nariz, parem de uma vez por todas de tentar julgar os outros.

Vocês não sabem da metade. Olha que coincidência.

não é sentimento de pena, mas, queria me sentir menos como o Pagliacci da história.

Um comentário:

  1. Eu também penso isso às vezes, porque existem pessoas que julgam a gente, mas elas não se olham no espelho, pois se olhassem, não saberiam que não têm motivo nenhum para nos julgarem. Pois às vezes elas são piores que nós (não que nós sejamos ruins), e mesquinhas ainda por cima.

    Ótimo post.
    Bjooo!

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